30.6.24

Junho 1174- 2024 850 anos dos forais Thomar II e Ozezar




 Junho 1174- 2024

850 anos dos forais Thomar II e Ozezar 

Sabedor da ocorrência de roubos e injustiças na região de Tomar e Zêzere – onde já haveria várias centenas de colonos com suas famílias, demonstrando ser o seu povoamento um caso de sucesso ao fim de apenas 12 anos, o mestre templário Gualdim Pais conclui da necessidade de nova carta de firmidão estabelecendo normas jurídicas precisas.

Este 2º foral vem assim completar o anterior (de 1162) regulando melhor a vida na comunidade: precisando as coimas para os delitos contra outrem, contra a família, contra a propriedade e contra o senhorio.

Carta que se inicia pela  fórmula “ Assim como se lê em Salomão:  amai a justiça vós que julgais na Terra”   e que se repete nos forais de Ozêzar e Pombal, mostrando assim que aqueles cavaleiros não se chamam Salomónicos, apenas porque se sediaram originalmente junto ao templo de Salomão em Jerusalém, mas sim pelo seu conhecimento de Salomão e dos salmos bíblicos, de onde retiraram aliás seu hino único entre as Ordens religiosas e militares!  O preâmbulo (deste foral) lembra ainda as influências espirituais crúzias de Gualdim, segundo a fórmula das Cartas de Liberdade nas comunidades de Regrantes, que afirmam o desprezo de bens terrenos e a intenção de os utilizar para alcançar a vida eterna. 

II FORAL a THOMAR - 1174 


“ Em nome de santa Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, Porque Deus Todo Poderoso, recto juiz, manda a todos os senhorios com poderio na Terra para governarem os pequenos (dependentes), em Justiça e Igualdade, assim como se lê em Salomão: amai a justiça vós que julgais na terra.

Por isso eu Mestre Gualdim, avisado pela mercê de Deus, conjuntamente com meus freires, concluímos da necessidade de livrar de danos e roubos o povo em nosso domínio.

Pensando mais em alcançar a saúde das almas que a defesa das cousas temporais e

ilusórias, damos porém (estes) degredos (leis) nas terras sob nosso poder estabelecidas.

Se alguém raptar ou matar ou assaltar casas com armas ou ferir ou quebrar portas no couto de Tomar, peite (pague) 500 soldos e se fora da vila peite 60 soldos.

Mando que cada um tome aquela que haja recebido por mulher ou filha sua que ainda não for casada, onde quer que a achar, sem dano e o filho que seu pai tiver em casa por ser mancebo, tome-o sem dano onde quer que o achar, se não quebrar portas ou ferir alguém ao apanhá-lo.

Por lançamento de esterco à boca de outrém, em qualquer lugar que o faça,peite 60 soldos.

Se alguém ferir pessoa de sua condição por ira, no couto da vila, pague 60 soldos

e se fôr fora 30 soldos. Só feridas intencionais e não outras.

Quem juntar amigos ou parentes com armas e paus, e se ferir outrém , se o provar ser verdade a inquirição, pague 60 soldos.

E por membro mutilado pague 60 soldos.

Por todas as feridas, que deva reparar, sofra castigo com vergasta (açoutado com vara) segundo o foro velho de Coimbra ou indemnização àquele a quem deve satisfazer (vítima).

O sinal do alcaide ou do juiz, seja tido por testemunho. (Contas serão prestadas apenas perante o alcaide ou juiz).

A casa de alguém não seja penhorada, antes de ser chamado a juízo (ou seja: ninguém pode ser condenado, sem primeiro ser julgado).

Se alguém demandar algo de outrém, responda perante as justiças e o comendador da casa, por direito.

Se algum devedor fôr revel e aquele a quem deve , não puder reaver o que lhe pertence, se este fizer composição (acordo) com o mordomo, este (último) não haja senão a décima do que tirar dos bens do revel, salvo se fôr de usura(empréstimo com juros); se o fôr, fique com quanto acordar com ele.

Todas as acções do mordomo sejam por recta averiguação (ou seja: as penas devem ser precedidas de audição de testemunhas).

Quem souber a verdade e a falsear na inquirição (falso testemunho), indemnize-se quanto fez perder àquele e ao senhor da terra outro tanto (de coima) e nunca mais seja aceite como testemunha. Se algum vozeiro (procurador) se compuser (conluiar) com o mordomo, e se provar que recebeu algo por isso, acorde /indemnize segundo o valor da demanda e se não tiver com que pague seja atormentado (castigo corporal) e não seja mais ouvido , salvo se der fiador, nas mãos da justiça.

Proibimos a todos aqueles que fazem de procuradores (vozeiros) falsos, e não têm procuração (carta) para tal, pois certamente por tal (praga) toda a terra é prejudicada.

Se alguém se queixar em Concelho de alguma coisa, que o Mordomo e a Justiça estejam presentes, e o mordomo não tome aquela queixa por voz (procuração) salvo se aquele que a queixa fizer, disser ao mordomo: “Dou a ti esta queixa por voz” (comportando-se assim como procurador).

Se alguém em defesa do seu agro (campo) ou da sua vinha ou de sua almuinha (horta) bater no ofensor e este seja ferido ou chagado, o senhor da vinha não pague e se o ofensor ferir o dono, satisfaça-o e qualquer dano que aí fizer corrija-lho.

Proibimos que alguém empunhe armas na vila; se as usar mesmo sem ferir, perca-as.

Se alguém falsear medidas ou côvados peite (pague) 5 soldos.

Se alguém tomar algo à força de casa de outrem ou de fora, e o seu dono apresentar denúncia ao comendador, alcaide ou justiça, ou mordomo, pague a dobrar.

Se alguém em juízo acusar sua mulher de adúltera, os seus bens sejam em poder

do senhor da terra.

Proibimos que alguém ouse cortar com vala, carreiros ou estradas públicas do

concelho ou meta marcos. Quem aquesto (isto) fizer, corrija-o pelo uso da terra.

Jugadas sejam por quarteiro (medida) de 16 alqueires, do costume.

O Almotacé seja do Concelho. Mordomo, saião e justiças e porteiro do alcaide, sejam coutados (afiançados) em 500 soldos .

Quem fizer furto, pague segundo o costume da terra ou seja condenado. Quem achar ladrão ou criminoso prenda-o segundo seu poder, sem morte ou vingança dos parentes. (pois era frequente os ajustes de contas pessoais, a vingar o “sangue”).

Se alguém entrar em vinha ou almoinha de outrém, furtivamente de dia, por motivo de comer ou meter o seu animal na forragem de alguém, pague 5 soldos.

Se alguém trouxer alguma cousa da vinha ou almoinha no regaço ou cesto ou taleigo ou ceifar forragem pague 1 maravedi. E se alguém de noite fôr apanhado furtivamente em vinha ou forragem ou almoinha, pague 60 soldos e o que trouxer vestido; e do dito que pagar, haja o dono do agro a metade (a outra metade à Ordem) e se não tiver com que pagar, prendam-no por 1 dia (mão pregada na porta) e depois açoutem-no.

Se mouro de alguém, sem correntes, fizer danos, seu senhor responda por ele segundo o dano que fizer ou deixe-o na mão do mordomo. O mordomo não prenda mouro de alguém, se trouxer correntes, ou moura solta, por qualquer dano, mas se o senhor da terra e o concelho acharem que tal cousa fez que deva ser apedrejado ou condenado à fogueira, apedrejem-no e queimem-no. Se tal cousa fez, que deva ser açoitado, açoutem-no e depois que forem açoutados, tanto o mouro como a moura, dai-os a seu dono. ( No Andaluz muçulmano, também se previa a morte para certos casos, com cativos cristãos...)

Quem servir de fiador, se não cumprir segundo o acordado, pague o necessário.

Quem vender vinho no período de relego (tempo em que a prioridade de venda do vinho era do senhorio) pague 60 soldos e por quantas vezes fôr achado a vender o vinho, por essas tantas, pague 60 soldos.

E toda a besta de carga que vai à eira ou lagar (fazer transporte de aluguel) faça foro de almocreve. (faça ou pague o serviço de um dia por ano)

Estes crimes mandamos julgar e não outros.

Dos moinhos não tomem senão de cada 14 alqueires um (taxa de moagem), sem dádivas (gratificação).

As maquias (medidas) sejam aquelas que as justiças e o concelho acharem por direito e se o moleiro outra cousa fizer, este, com todos os seus haveres seja em poder do mestre (preso).

Se o mordomo ou justiças, quebrarem este nosso direito, por dinheiro ou por compadrio (corrupção) ele e os seus bens sejam em poder do Mestre e dos Freires.

E de jugada (tributo) mandamos que os lavradores deêm por jugo (junta) de bois seis quarteiros (= 1.5 moios: 96 alqueires); e 3 sejam da melhor colheita que fizerem, ou seja: de trigo, cevada e centeio. E de milho painço se o semearem, outros 3 quarteiros.

E qualquer lavrador que trabalhe com 2 jugos ou 3 ou 4 ou 10 ou 20, não dê mais de 6 quarteiros, por cada jugo, se trabalhar todo o campo.

E o cavão (só enxada, sem bois) dê de jugada 6 alqueires. Se fizer mais de 3 geiras de terra, dê 1 quarteiro (de jugada). E esta seja por quarteiro de 16 alqueires, pela medida do concelho.

Feita esta carta de Firmidão, no mês de Junho.

Era da Encarnação de Deus de 1174.

Eu Meestre Gualdim, que esta carta fazer mandei em sembra com todolos meus freires morantes em tomar aos vosos filhos e aos vosos suçesores afortalego e confirmo

Reinante dom Afonso Rey de Portugal filho do grande Rey dom Afonso neto do conde don Anrique e de dona Tareija e seu filho Rey dom Sancho com elle e sa molher Rainha dona Doçe.

Joanne clerigo de missa a fez: testemunhas frey arnardo ronchis, frey soeiro vermuiz, e frey elias, e frey manço, e frey martinho, e frey pedro, e frey ioane de gassia clerigo de missa. O conde dom afonso, pedro garsia alcaide de coimbra, pedro fernandiz, meestre fernando a uio, saluador meendiz, dom sancho, pay romeu (dos da Maia), martim de roma, pedro de calderas, pedro  muniz, pedro cassia, Garsia vermuiz(+1175,S.Pedro Fins), pedro meendiz, pedrairas justiça, gonsal boroa, pcdro gonsaluiz, testimoinhas.


Acerca deste Foral:


A Ordem nomeia justiças vilões (que devem ser integros,não sujeitos a corrupção) e que se rodeiam de seus oficiais (como o saião) e que em concelho (reunião) de homens-bons da vila, julgam os casos havidos, com audição obrigatória de testemunhas.

O mordomo anda pelos lugares fazendo a cobrança dos foros e aplicando coimas; enquanto o almotacé fiscaliza as trocas mercantis e as medidas usadas, segundo o padrão aprovado.


Esta figura do Almotaçé reporta-se aliás à tradição muçulmana e ao modelo andaluz almorávida, segundo o Tratado jurídico sevilhano de Ibn Abdun, cujo artigo 32º afirma ser o almotaçé a “língua do juiz”, seu lugar-tenente, homem de bons costumes, rico e considerado, que exige o cumprimento da Lei.


Oficial usualmente bem ligado ao concelho; assim em actas medievais da vereação de Braga - a título de exemplo e informação - observa-se que nos primeiros meses do ano (que começa em Março)  serão almotacés: no 1º mês os 2 juízes velhos   (do ano anterior), no 2º mês  2 vereadores, no 3º mês 1 procurador e  1 vereador, nos outros meses homens-bons escolhidos por pelouros.

Por outro lado, como fonte de receitas da Ordem, estabelece-se a Portagem, ou seja a cada porta (entrada) da vila, são postos 2 homens-bons que verificam, um a um, os mercadores e as mercancias (caça e pesca) que por ali passam, aplicando-lhes taxas próprias, das quais os vizinhos (residentes) estão isentos.

Quanto às coimas, geralmente metade da importância pertence ao ofendido e a outra metade da receita, é para o senhorio da Ordem (Templo)...Aplica-se a punição física apenas aos de condição inferior ou aos que não possam pagar a coima estabelecida.


A jugada (originalmente, lavra com jugo de bois) costumava pagar-se pelos dias santos festivos até ao Natal e segundo os costumes de Coimbra, só se paga 3 anos depois de começar a cultivar.

Da parte da carta referente à jugada, se pode aliás inferir as condições de vida da peonagem cultivadora, segundo suas terras. Sendo a geira, a extensão de terra que uma junta de bois pode lavrar em um dia, que é próxima de 0,4 hectares e sabendo que nesta extensão se podem semear 4 alqueires de cereal, que por sua vez frutificará em média o quádruplo, teremos então, o quadro seguinte.  Para o caso do cavão com 3 geiras de terra, ou seja 1.2 hectares; ali semeará 12 alqueires e colherá 48. Pagando 6 alqueires segundo o foral, fica com 42 alqueires, ou seja 420 Kg de cereal panificável.

Ora, nesta altura, um homem do campo come em média 0.8 kg de pão por dia, o que dá ao ano 300 kg de pão ( se não houver percas na transformação, nem crises agrícolas...) sobrando-lhe então 120 kg ou seja 12 alqueires, exactamente aquilo que ele necessita de guardar para semente para o próximo ano! Uma vida de sobrevivência pura...

Quanto ao caso de um casal com por exemplo umas 30 geiras de terra, a situação seria francamente melhor: semearia 120 alqueires, colheria 480, pagaria 96 alqueires (6 quarteiros de 16 alqueires cada). Reservando outros 120 para semente no ano seguinte, ficaria com 264... mas como teria umas 4 bocas para alimentar (média humana de 1 casal de vizinhos) gastaria uns 120 alqueires panificáveis (a 30 por boca, como já vimos) restando-lhe 144 (mas se tivesse 2 jugos de bois, pagaria mais 96, restando-lhe 48 para vender ou para guardar para anos de crise...

Já o vinho, esse era grande alegria das almas e conforto dos corpos, pois rendia muito mais (embora tivesse de esperar uns 5 anos para começar a colher bem, nos anos seguintes). Um hectare de pés de vinha, podia render uns 4.000 litros de vinho, pagando 1/8 do foro (500 litros) restavam 3.500... e bebendo-se nesta época 2 litros/dia (necessário ao esforço físico) ou seja uns 730 litros anuais e mesmo que fosse uma família a beber por igual, ainda sobrariam para cima de 500 litros!

De mais e incomparável alegria, gozavam os freis do Templo, que o tomavam por sangue de Cristo- a “santa taverna de seu precioso corpo” (nas palavras de um monge franco) - e fonte de vida, (certamente como tal e não por acaso...colocaram uma laje com parra de uvas desenhadas a servir de dintel numa das portas do seu castelo em Soure!) e aqui a sul de S.Maria , fabricaram bom cerrado de vinha –certamente para os seus ofícios religiosos...principalmente aqueles em que se derramava vinho sobre o altar e se bebia dele.. em quantidade quiçá...porque a pedra era grande!

Também no arrabalde do castelo a que se chamava S.Martinho-o patrono do vinho- os monges interiorizavam a espiritualidade da vinha , segundo as Homilias Clementinas: os santos são os sarmentos, os mártires as uvas, os viticultores os anjos,o lagar a igreja ,o vinho a força do espírito (e não só)..

Pois que mercê dos foros recebidos, podiam atribuir 3,5 litros de vinho a cada frei , por dia, daí resultando a energia própria à duplicação do inimigo em combate (rachando-o a meio com o montante) ou até decuplicando-o nas crónicas monásticas (acrescentando mais um zero, no número de inimigos derrotados !)...Deo Gratias!






5.1.24

Crónica do ano 23

  


    

Este foi o ano das comemorações do VII  Centenário da passagem para a Glória do último mestre da Ordem do Templo , Don Vasco Fernandes, falecido em 1323, enquanto comendador da O.Cristo em Montalvão.

Um exemplo de transição  pacífica em Portugal, entre uma Ordem e outra, naqueles tempos áureos e  dionisinos, ao contrário de em outros países onde também existia a Ordem.

Este cavaleiro com origem no Entre Douro e Minho , como seu irmão, uma terra onde a Ordem começou, junto às vias de acesso a Compostela, enquanto também faziam assistência a peregrinos ( tal como no Oriente era sua função primeira) foi iniciado na Ordem, por seu tio (provável) D.João  Fernandes e foi feito mestre em 1295.

  No sábado , 22 de julho em Montalvão realizou-se a sessão  evocativa  O primeiro Orador foi Joaquim Nunes, presidente da Associação Cultural  Templ'Anima de Tomar, e membro do Conselho de Administração da TREF , que fez a evocação de Maria Madalena,  a Apóstola, segundo a nova nomenclatura do Vaticano e aqui presente em imagem original e única  nesta igreja de  Montalvão, sendo este o seu dia litúrgico. Destacando este facto, concluiu que uma terra também se  promove pela sua imaginária patrimonial.

Seguidamente sobre a vida do Mestre e da Ordem falou especificamente o presidente da Comissão  Científica portuguesa, dr.Ernesto Jana, com o recurso a mapas cronológicos e imagens monumentais ali projetadas.

Acerca das influências compostelanas presentes na lápide tumular,  única  possível de atribuição ao mestre Vasco Fernandes na igreja de Montalvão:  referimos  aqui a heráldica dos Fernandes segundo a imagem do livro do Armeiro-Mor (de 1509 a mando de Dom Manuel,  por João de Cros )   onde se refere Diogo Fernandes , nobre galego, conde de Portucale ,  séc XI e sec XII, conde de Guimarães, onde estão  presentes as vieiras . Quanto à lápide que se mostra da igreja matriz de Montalvão –onde descansa o mestre segundo as crónicas- anotamos que o hexafolio ao centro, está presente em várias  cabeças de sepulturas medievas em Tomar Quanto às vieiras : são o símbolo de um peregrino que regressa a casa do Pai , a Compostela- campus stella- campo de estrelas (ou via Láctea, a que todos pertencemos, com a Terra) – Dom Vasco Fernandes, companheiro de lutas com Dom Dinis e de  processos de paz: presente nos  acordos de Alcanizes, para definição de fronteiras.

A propósito, acaba de sair um livro de um ilustre montalvense-Luis Gomes- sobre este mestre. A ler !







Estiveram presentes no evento os coros de Jerez de los Caballeros  e  Canto Firme de Tomar . De notar a ausência do tb tomarense T.Honoris (tão omnipresente e avisado) mas que vestindo sua indumentária templária , prefere fazer presença em inauguração de hotéis…(será este um dos tais “  detalhes que  fazem a sua diferença” ?) ...e ser “cenário “  de um Grupo excursionista e “influencer” a querer meter-se em todo o lado, o dos  pobres Cavaleiros (sem cavalo)! .

No que concerne ao T. Militar , prossegue a sua saga desenvolvimentista assessorando a CIM Medio Tejo no que chamam um projecto piloto de âmbito nacional (!?)... mas afinal quem pilota aqui o quê ?...é caso para dizer tão novos e já pilotam (!) ,estes” líderes” de opinião!...Na sua óptica  de “estruturação” (ou será desconstrução?) de uma rede temática templária vão ampliando-a até com duplicações  estranhas. Por exemplo na Listagem de terras templárias anexam a  região do Foz  Coa…que não sei se alguém encontrou algum templário “grafitado”  nas rochas ou se é por causa de Muxagata que historicamente pertence à  comenda de outra região (Longroiva/ Meda) que tb está  na Lista e não pode estar portanto em 2 referências em simultâneo!  Também  inventaram na listagem de câmaras a abordar o Município de Idanha a Velha que evidentemente não poderá responder pq simplesmente não existe actualmente : só há uma câmara das Idanhas e é a Idanha a Nova ! 

Será um produto “templario”  diferenciador ou confusionista : que visa abranger uma salada de municípios (como Abrantes e Torres Novas) que tem a ver com outras Ordens ou eram régios !...No fundo, provém de um fundo (a-histórico) de “expertises” politécnicos, incluindo o homem que perdeu as eleições…E rematam que está previsto a sua divulgação no espaço europeu e internacional (outro?)... Na realidade o que se passa é simplesmente uma  forma de integração na Rota Europeia Templária , por exigência burocrático-financeira oficial , pois é impossível na fase actual, aderir à TREF, cada município templário português um a um , pelo que é preciso agregá-los  num colectivo associativo e depois sim fazer essa integração…coisa de que já se fala e sabe desde o episódio da Troika !  


Já nos bastava uma funcionária  autárquica  que confunde o tempo longo de Braudel com o  tempo longo dos cozinhados: arrolando na listagem de eventos templários um concurso de cozinha da TV realizado num jardim do burgo (omitindo outros, o que demonstra uma certa parcialidade) …ela que avalia eventos…nem distingue a dança arábica oriental de  outra arte ocidental !! (relembrando uma cena/ diálogo passado junto ao  NAC/Tomar) !


POR TOMAR INTERNACIONAL NA CULTURA E NA ARTE !

A nossa associação – Templ’Anima - também   colaborou na preparação da candidatura ao evento de arte contemporânea em Rovereto (norte de Itália, provincia de Trento) no Human Rights-Hope da AIAPI –Associação Internacional de Artistas Plásticos de Italia, único partner oficial da UNESCO no campo das Artes Visuais.  Evento internacional que decorreu desde 2 de junho até 2 novembro deste ano , onde participaram 38 países de vários continentes , sendo a tomarense Carla Marina a única portuguesa selecionada para esta mostra, por 5 meses, cuja duração é bastante excepcional.





Trata-se da maior exposição mundial de arte contemporânea dedicada aos Direitos Humanos, cujo curador, o Dr. Roberto Ronca, sabe fazer brilhar as obras dos artistas e potencializar a sua Arte. Conforme as suas palavras: "não damos prémios pomposos, mas a oportunidade de mostrar o talento de modo direto ao público... deixamos a aparência para os outros, nós somos a essência "!  Uma expo colectiva organizada em colaboração com a Fundação Campana dei Cadutti, sediada no norte de Itália, que propaga os Direitos Humanos, segundo as metas e objetivos da Agenda 2030 da ONU. Evento único no mundo , já na 17° mostra internacional e cuja vernissage decorreu no dia 2 junho. 



Este evento foi noticiado em primeira página pelo jornal Cidade de Tomar, mas houve quem deixasse cair a informação , enviada atempadamente, colocando-a em pendência permanente (portanto invisível)...como foi o caso de um site dedicado a Tomar, cuja motivação  ignoramos: será que o seu autor pensa que trabalhamos para a Câmara (em demasia, para o seu gosto?!)...a verdade é que não somos assim tão subsídio dependentes como outros ; se fomos à vernissage a Itália, cada um pagou a deslocação do seu bolso. Em vez de propagar uma artista da terra - cuja obra inclusive esteve este ano nos Corredores da  Assembleia da República  em Lisboa - ele prefere publicitar meias em plena Festa dos Tabuleiros…ah grande defensor da terra ou melhor das águas !


Para terminar , quanto a  este novo ano que começa - 2024  - e continuando na senda da exaltação da Urbe templária : propomo-nos  comemorar e destacar os 850 anos dos Forais de Tomar (II) e de Ozêzar .


    


26.11.23

O Alfa e o Ómega do último mestre templario em Portugal: Dom Vasco Fernandes!


 No  VII centenário  de sua passagem para a Glória, apresentamos o Alfa e o Ómega do último mestre templario em Portugal: Dom Vasco Fernandes  !  

O Monumenta Portugaliae Vaticana (vol II)*1 refere a paginas LI (51) um Gonçalo Fernandes como irmão de D.Vasco Fernandes (último mestre do Templo) , presente com o irmão numa assembleia em Lisboa a 30 setembro de 1318 presidida pelo bispo Dom frei Estêvão, onde foram tiradas públicas formas de várias cartas régias sobre  bens dos Templários, atestando a autenticidade dessas cartas.

  Ora encontramos nas Inquirições régias de 1258, um nobre (filho de um cavaleiro)  Gonçalo Fernandes (do Templo*2) , com origem em Entre Douro e Minho , tendo sido criado na paróquia de Santa Cristina de Serzedelo, (Ribadave).  

A igreja de Santa Cristina de Serzedelo -igreja românica com túmulos  desde sec XI - terá pertencido aos templarios, sg Jose Antonio Almeida ,1976. E a freguesia era couto de Palmeira sg P. Carvalho da Costa (tomo I, pg 238), sendo Palmeira*3 uma familia de ascendencia galega cf. Jose Matoso . 

 A Ordem do Templo começou pois em terras do norte,  junto a vias de acesso a Compostela. Implantado a norte e a sul do Lima, como sentinela, segurança dos peregrinos ( in Ordens militares entre Cavado e Minho , de  Ricardo José Barbosa da Silva, 2016). Exemplo: a comenda de Rio Frio em terras de Valdevez , muito antes de qualquer outra Ordem...  

Não faz portanto sentido, derivá-los a este e a seu irmão Vasco para originários do lugar de Tavra em Santarém, apenas porque este na data de promoção a mestre (8 Abril 1265) recebe para a Ordem  3 courelas de terra no referido lugar – como faz R.Nobre *4 (2022), sem encontrar sua georeferência: porque se trata de  um lugar  ficticio , a partir de uma corruptela  de Campo de Trava, este sim real na época, como se pode  ver em Alice Lázaro, historiadora local (2013)*5 .  Também não colhe a referência que atribui aquele locativo/apelido a um documento papal de agosto 1321, ”Tavra, lugar que o papa João XXII associaria ao nome do mestre Vasco Fernandes”,  porque de facto tal não  se encontra no dito documento (assinalado  em pag LII a LIV)  , de Monumenta Portugaliae Vaticana (por Nobre , na pag  114 ) !

  De facto o que se passa é uma doação ao Templo em abril de 1295 feita por Don Martin , aio do infante Don Afonso e mordomo da rainha dona Isabel de Aragão, de 3 courelas de terra no valor de 17 estis, que este havia anteriormente comprado em Santarém no lugar grafado  de "Tavra” a Maria Ramires.  

Como diz a historiadora natural da região, A.Lázaro, havia na época uma grande apetência por parcelas de terra no campo(paul) de trava , por parte de todas as igrejas e conventos (Pag 56 do seu livro).  

Era do Tejo que derivava a riqueza destas terras da leziria , pq as cheias dele traziam os nutrientes que faziam a sua fertilidade.

   Assim há noticia de uma venda de uma porção de terra na Trava em 1243 por parte de santa Maria da Alcaçova, seguem-se no referido livro: 5 documentos que apresentam aquela corruptela (Tavra em vez de Trava) a par de outros com a grafia correta. Enumerando e demonstrando , ei-los:  

1-a colegiada da Alcaçova :  em 1361 empraza uma quinta onde se chama Tavra ,                             2-tb em 1374 uma vinha em Tavra, pag 57.

  3-convento S.Clara: dote (de noviça ) da quarta parte de 1 herdade em  Tavra e bens,  pag 62. 

 4-Almoster/convento:  1267 escritura de venda de uma herdade onde chamam a Tavra,                     5-outra em 1301: uma doação de herdamento em Tavra,  pag 65 .

  Ora subsiste na toponímia de campo de trava com a designação de Comenda , uma propriedade que foi da Ordem de Cristo , nota 42 , pag39 do livro.  Trata-se de uma herdade aqui desde os primeiros reis , na freguesia de Vale de Cavalos (pag 122) /Chamusca, dedicada a agropecuária e criação  de cavalos. Na Trava portanto a  partir  de doação à Ordem do Templo. 

Em sua vizinhanca tem a Quinta do Meirinho (vide carta militar 353)-doada por Don Sancho ao Templo. Tb a igreja de Salvador tem um casal além do rio no campo de Trava aos Meirinhos (in Tombo da igreja de Salvador de Santarém, Manuela Mendonça, 1907).  

Também a Ordem de Santiago tinha aqui na leziria terras confrontando com as do Templo (na Lagoalva)em 1287.  Até os gafos dispunham de uma almuinha no campo de trava (1260) sg Maria Angela Beirante , Santarem Medieval, p126.

  E sempre omnipresentes as  propriedades régias na Trava,  desde Dom Sancho a Dom Dinis, passando por Dom afonso IV  que  obtem terras no paul de trava por escambo e  Dom joao I em 1388 que toma posse do paul de trava e outros . Trava mantém posse real em 1561 e as igrejas mantêm ali  presença através  dos dizimos,  sg. Francisco Martins in artigo "Vale de Cavalos/ Chamusca  .  

                        ( Campo de Trava )


 A origem de uma parte do povoamento do campo de Trava é vinda do norte desde a galiza, norte de portugal e beiras. Polo de atração,  a  estremadura tagana. Zonas férteis atraem novos povoadores, vindos da região minhota em excesso de população.  Os galegos continuam a chegar à corte portuguesa e a fazer aqui boas carreiras( sg Matoso). Há alianças entre as principais linhagens  portuguesas e a nobreza galega: familias de ascendência galega , os Barbosa, Soverosa e Palmeira. Tb se lhe juntam jovens nobres vindos do norte (  pag 248 , Livro de J.Matoso, Infanções ).   

Também o caso do nosso Gonçalo Fernandes, criado (em amádigo*6 )  por Martim Soares , possivelmente um trovador português, entre 1220 e 1260 natural de Riba de Lima, onde testemunha documentos em 1220 e1240, que pertenceria  a uma família da pequena nobreza, eventualmente os Ribeiro, sg.José Augusto Pizarro(1999 )in  Linhagens medievais portuguesas. Foi casado com Maria Soares, dona de Santarém, região onde parece ter-se fixado posteriormente. 

 Eventualmente terá  sido próximo do magnate e trovador D. João Peres de Aboim (sg. Azevedo)  fidalgo de origem de Aboim terra da Nobrega---mordomo de Afonso III, trovador, tb com terras en Santarém e sul Portel. Tinha casas en Santarém, vinhas na Valada, leziria de Alcoelha e um escambo em Toxe. 

 Nos inquéritos ordenados por Dom Dinis pós-Templo, e feitos por João  Paes de Soure em1314 em C.Branco , secretariado por João Martins de Montalvão, tabelião : ali Martin da Redinha afirma que  o mestre Dom João Fernandes fez freire um sobrinho que era galego (anos 80, sec XIII). E era mui comum na Ordem serem freis tios e sobrinhos. Daqui concluimos pelo apelido , ser um Fernandes, Vasco: depois tb mestre. (Vide tb outros casos , como os Barretos).  

Ora   como adverte Manuel Silvio Conde, as populações das margens do Tejo designam geralmente como galegos as gentes vindas do norte entre Douro e Minho ou da Galiza ; o mesmo afirma ser prática comum na época medieva , Isabel Morgado,( MOA n°1, pag 73).  E a uma distância de 60 anos a maior parte de locativos dos povoadores teria desaparecido ...(convertem-se em apelidos ? )  cf. Livro da Estremadura de Pedro Barbosa!  

Contudo a presença em Santarém de elementos vindos diretamente da Galiza mesmo no sec XIII pode ser bem real ainda que pontual : Assim a 18 maio 1285 em Santarém várias testemunhas presenciam uma carta de treslado em que o alvazil de lisboa, Don João Pires, doa à  Ordem do Templo 2 tendas na rua dos Mercadores,  freguesia de Santa Maria de Marvila, da vila de Santarém e uma vinha na Valada. Sendo presentes além dos comendadores de Pombal , Fonte Arcada ,Castelo Novo e Ega , dois comendadores da Galiza : Lopo Rodrigues, comendador de Faro (La Coruna) –a maior comenda da Galiza e Rodrigo Pais , comendador de Ponferrada !  

Diremos que continua uma união mística à volta do apostolo compostelano : A  Igreja de Santiago, única que fica ao Templo no sec XII em Santarem (depois da doação de Ceras), a calçada de Santiago junto ao castelo de Tomar e a concha de S. Tiago na torre de Santa Maria dos Olivais. Também a norte: Santiago de Candoso no municipio de Guimarães (junto à terra onde Gonçalo Fernandes  foi criado) , igreja de Santiago em Coimbra (com influências de pedreiros da Galiza) e...Montalvão que o rei Dinis doou a sua irmã infanta Dona Branca , vivente no mosteiro De las Huelgas, em pleno  Caminho, em 1313  - doação vitalicia.   (Morre em 1321, regressando ao rei o lugar até 23).Ver chancelaria de Don Dinis,  livro III.  

Acerca das influências compostelanas presentes na lápide tumular,  única  possivel de atribuição ao mestre Vasco Fernandes na igreja de Montalvão:     Primeiramente apresentamos a heráldica dos Fernandes segundo a imagem do livro do Armeiro-Mor (de 1509 a mando de Dom Manuel,  por João de Cros )   onde se refere Diogo Fernandes , nobre galego, conde de Portucale ,  sec XI e sec XII, conde de Guimarães, onde estão  presentes as vieiras . 



 Quanto à lápide de Montalvão –onde descansa o mestre segundo as crónicas- anotamos que o hexafolio ao centro, está presente em várias  cabeças de sepulturas medievas em Tomar .

Quanto às vieiras : são o simbolo de um peregrino que regressa a casa do Pai , a Compostela- campus stella- campo de estrelas (ou via Lactea, a que todos pertencemos, com a Terra) – Dom Vasco Fernandes, companheiro de lutas com Dom Dinis e de  processos de paz: presente nos acordos de Alcanizes com o rei....(tb dona Isabel de Aragão tem um bordão no túmulo)...na época, o fervor da viagem!  

Notas  

N*1- Monumenta Portugaliae Vaticana  ( Registo de Súplicas papais) de António  Domingues Costa  1968 ,  in Internet  Archives .

N* 2  - Gonçalo Rodrigues de Palmeira , primo do conde de Trava, recebeu de Afonso Henriques  ( foi seu mordomo mor) o couto de Palmeira no Entre Douro e Minho.  Fez doação do couto ao mosteiro de Landim em 1177.  

N*3 - Gonçalo Fernandes –nos anos 53 testemunha em vez do mestre  desse tempo uma escritura em que o comendador  de Mogadouro e Penas Roias dá carta de aforamento a moradores de Parada, nos anos 61 foi comendador em Tomar , tenente de Vasco Fernandes em 1306, comendador de Almourol,Nisa e Rio Frio  em 1307. A rotatividade dos comendadores é um dado adquirido. 

 *4 - R. Nobre , in " A Ordem do Templo em Portugal, homens, património e poderes,  2022.

 *5- Alice  Lázaro, ribatejana ( falecida em maio deste ano) autora de " O Campo de Trava  no termo de Santarem",  2013.

*6- Amádigo  : criação de filho de fidalgo , para obter benesses ou honras.

 A finalizar anotamos ainda semelhanças ou influências nos brasões dos Trava da Galiza e da leziria do Tejo (mais própriamente em Benavente na companhia das Lezirias: 5 travas na Galiza, 2 travas em Benavente ( simbolizando o pear dos cavalos)...sg:  A.Matias Coelho,  2012. 

Obsv: Nomes semelhantes ,ocorrem  antes e depois - um Vasco Fernandes  (de Soverosa) ,filho de Fernando Peres Cativo,  mordomo do infante Dom Sancho I em 1176 e  um Vasco Fernandez, cavaleiro da Ordem Cristo em 1535 testemunha e com casas em Santarém. Como avisa Jose Matoso : dado que os nomes destes fidalgos são mui correntes na época, torna-se dificil distingui-los de seus homónimos (e estabelecer sua genealogia segura, acrescentamos nós).

25.7.23

A Madalena única e original de Montalvão

 


No sábado , 22 de julho em Montalvão realizou-se a sessão  evocativa do VII Centenário do óbito do último mestre da Ordem do Templo , Don Vasco Fernandes, falecido em 1323, enquanto comendador da O.Cristo em Montalvão. O  primeiro Orador foi Joaquim Nunes, presidente da Associação Cultural Templ'Anima de Tomar, e membro do Conselho de Administração da TREF , que fez a evocação de Maria Madalena,  a Apóstola, segundo a nova nomenclatura do Vaticano e aqui presente em imagem original e única  nesta igreja de  Montalvão, sendo hoje o seu dia litúrgico. Segue-se o texto completo dessa intervenção. 

Bom dia , chamo-me Joaquim Nunes, venho de Tomar, onde sou presidente da TemplAnima , uma associação cultural pró-templaria e sou tb membro do Conselho da TREF ou seja a Federação da Rota Templaria Europeia, 

Ora bem , vou iniciar a minha Apresentação falando de porque aqui estou para desenvolver o tema de  Maria Madalena :  

Tudo começou em 2016 DC: naquele tempo fui convidado juntamente com outras pessoas pelo montalvense eng.Luis Goncalves Gomes, na ocasião dos trabalhos de melhoramento desta igreja matriz , para observarmos as lápides visiveis em seu solo na demanda de vestigios da sepultrura do último mestre da Ordem do Templo , passado a Ordem de Cristo e aqui referenciado  segundo as cronicas.Desse mestre falará o próximo orador: a mim o que me suscitou desde logo enorme atenção foi a imagem de SMM aqui presente!

Pela sua originalidade e raridade: ostentando um livro dos Evangelhos na mão esquerda, tão perto da concepção primeira do cristianismo primitivo de um Hipolito de Roma (170 -236) bispo e teólogo,  que a apelidou de Apóstola dos apóstolos e tão longe da  imagem de uma Madalena pecadora como eu a conhecia em Tomar com um vaso de óleos aos pés.

Acontece ainda que há apenas 4 meses antes o papa actual Francisco a redefinira como Apóstola pela primeira vez , o que a coloca(va) no centro das atenções desde logo...assim, comecei a pensar numa oportunidade para expor as 2 Madalenas,  esta e a de Tomar, lado a lado em confronto pedagógico de versões: tal veio a acontecer em 2019 na igreja templaria de S.Maria dos Olivais em Tomar aonde a imagem se deslocou (por 3 dias) acompanhada por seu pároco  que a apresentou ao pároco local , o saudoso Padre Mario,  entretanto falecido por doença , que falou dela a seus fieis no fim da missa de domingo, aconselhando a ir ver a bonita imagem





Junto ao altar onde foi exposta encontrava-se um texto abordando o tema

Quem foi S.Maria Madalena ?    

Nascida em Magdala, cidade piscatória da  costa ocidental do Mar da Galileia, teria cerca de 20 anos quando conheceu Jesus , que ronda os 25 , segundo Bruce Chilton (prof.Religião,Univ,Yale,2006). Seria de familia abastada ,por sua independência e bens com que auxiliou os apóstolos.(Lucas, 8,3). E foi uma das discípulas mais  amadas de  Jesus , acompanhando-o para todo o lado : é citada nos 4 evangelhos como uma das que lhe ficam fiéis  até ao fim, aos pés da cruz  sendo a 1ª testemunha da Ressurreição. “Uma mulher conhecida por ter amado Cristo e por ter sido muito amada por Cristo” (segundo o papa Francisco).

Ela teria tido um papel muito importante nos primeiros anos do cristianismo, algo semelhante ao de Pedro, uma mulher à frente de seu tempo, que desafia a sociedade patriarcal da época,   

A identidade de Maria Madalena,contudo — ao longo dos séculos — confundiu-se com a da pecadora anônima, mulher que lavou, ungiu e secou com os cabelos ,os pés de Jesus na casa de Simão, o fariseu (no Evangelho de Lucas 7.37-38) — e também foi identificada com Maria de Betânia, irmã de Marta e de Lázaro", que no Evangelho de Mateus(26.6-13), unge também a cabeça de Jesus com um valioso perfume de nardo.

Devido principalmente às homilias de São Gregório Magno generalizou-se a ideia de que as três mulheres eram uma só pessoa. Particularmente na homilia 33 o papa Gregório em setembro 591 junta todas numa só personalidade. A pecadora da casa de Simao fariseu, a Maria de Betania e a de Magdala possuída  (este um acrescento em S. Marcos , que foi “copiado” depois por Lucas , como veremos a seguir)...

 

Vamos analisar hoje esta questão sobre 3 prismas:

-a)O que representam afinal esses  demónios na época e na biblia ?

-b)De onde retirou S.Lucas essas informações?

-c)Afinal houve 3 Marias ou uma só?!

   a)- Vejamos o Evangelho de Lucas  :  Quando Jesus está empreendendo sua viagem pela Galileia e algumas mulheres chegam até ele para serem curadas....são-no e depois seguem-no.   Citando S. Lucas 8,2- “e também algumas mulheres que ele tinha livrado  de espiritos malignos e de enfermidades. Maria que se chama Madalena, da qual Jesus havia expelido 7 demónios e outras mulheres (em 8,3) que lhe assistiam de suas posses. Portanto Madalena  foi uma das mulheres curadas pelo Senhor,  e que  passou a  acompanhá-lo , sendo  uma das pessoas que   colocavam seus bens como auxílio no sustento de Jesus e seus doze apóstolos . Ora, segundo  explica o historiador Michel Haag, esse termo 'demónio é utilizado ao longo de toda a escritura bíblica para narrar episódios em que Jesus trata de enfermos. Os demónios saiam e a pessoa ficava saudável de novo. (conforme visto acima).  . A expressão pode ser entendida tanto como uma possessão   quanto como uma doença do corpo ou do espírito. Tb em S.Marcos se afirma que Jesus curava os possessos e os enfermos . S.Marcos1,34: “E curou a muitos que se achavam oprimidos de diversas doenças e expeliu muitos demónios”...Aquele que aparentava não estar em seu perfeito juizo era considerado possesso de espirito imundo . Até do  proprio Cristo  isso disseram , como se refere em Marcos 3,30...por dizer e fazer coisas contra a corrente , como curar ao sábado !                                                                                                                           . Por outro,  sete (demónios) é um número simbólico ... “Como todo o tempo é compreendido por sete dias, comenta S.Gregorio in  Homilia 33 ,  por esse número certamente se representa a universalidade” ...dos defeitos ou vicios. No caso da Mulher tal pode significar :  humores vários , a melancolia (temperamental) ,maus espiritos, enfermidades., depressão,  descontrole dos sentimentos,  desequilíbrio nervoso.  ..(S.Paulo invoca a instabilidade emocional feminina) ....ou simplesmente, como sinal de estrangeira , samaritana, etc, crente  em qualquer outro deus, pagão, herege. Assim , Madalena, passou a ser associada como mulher impura e  dessa fama nunca mais se livrou!                                                                                                                                   

b) MAS DE ONDE RETIROU LUCAS ESSA INFORMAÇÃO ?                   ..É sabido que os evangelhos são produto das varias comunidades que seguiam os apóstolos . Os Evangelhos foram escritos bastante tempo depois da morte de Cristo, em épocas diferentes, baseados em tradições orais.  A referência “com 7 demónios” (16.9)  foi acrescentada ao evangelho de  S.Marcos que terminava em 16.8 , segundo especialistas biblicos.  E S.Lucas repetiu S.Marcos com acrescentos. Assim . dos 661 versículos do Evangelho de Marcos, mais de metade  350 estão no de Lucas.   E a crítica mostrou que o primeiro evangelho a ser escrito foi Marcos, por ser mais rústico e incompleto, em contraposição aos outros, mais elaborados e mais evoluídos.  A data aproximada terá sido entre os anos 60 e 70 do   século I, mas seguramente antes do ano  70 DC, pois este foi o ano da destruição de Jerusalém, e eles ainda confundiam este acontecimento com o fim do mundo. Os outros já não fazem assim. Por tudo isto se concluiu que Marcos escreveu primeiro, provávelmente baseado na pregação de Pedro e na tradição oral.  Mateus e Lucas copiaram de Marcos, melhorando o texto e adaptando conforme a ocasião, usando também uma tradição oral.e alguma fonte comum. que serviria de base para a catequese primitiva. Talvez aquele texto a que se refere Eusébio de Cesareia , pois é anterior aos Evangelhos escritos : a chamada Fonte  Q . Quando dizemos que houve 'cópias' uns dos outros, devemos entender que o Evangelista nao copiou simplesmente o outro, mas compôs baseado em suas pesquisas, e acrescentou algo de si. . Eles escreveram apenas o que interessava àquela Igreja, naquelas circunstâncias.  

 Vejamos O FINAL LONGO  OU ACRESCENTO EM S.MARCOS : O décimo-sexto capítulo do Evangelho de S.Marcos :  começa com a descoberta do túmulo vazio de Jesus por Maria Madalena, Maria e Salomé, onde estava um homem vestido de branco que anuncia-lhes a ressurreição de Jesus.O versículo 8 termina com as mulheres fugindo do local e afirmando que «[elas] não disseram nada a ninguém, porque estavam possuídas de medo» (Marcos 16:8). Muitos estudiosos afirmam que este é o final original do capítulo e que o trecho seguinte (Marcos 16:9 até  ao versículo 20) foi escrito e acrescentado depois com o objetivo de sumarizar as aparições de Jesus e os milagres realizados pelos cristãos depois da ressurreição. Neste trecho, o autor faz referência à aparição a Maria Madalena (a que foram extraidos 7 demónios) , a dois discípulos e finalmente aos onze apóstolos (os doze apóstolos menos Judas).  ] A maior parte dos académicos, concordando com a análise do crítico textual Bruce Metzger, acredita que de fato o trecho não era parte do texto original de Marcos.  O "Final Longo" não está presente em dois importantes manuscritos do Novo Testamento, ambos do século IV, o Codex Sinaiticus e o Vaticanus Graecus, os mais antigos manuscritos completos de Marcos, ausente tb em  manuscritos armenios; . Por outro encontra-se presente: na Vulgata de S.Jeronimo(sec V) , em Agostinho e Leão Magno.  

Marcos não pretendia terminar em 16:8, mas, por algum motivo, não conseguiu terminar seu trabalho (talvez por ter morrido ou por ser obrigado a fugir), o que obrigou outra pessoa a terminar o trabalho (ainda no processo de produção do texto, antes de ele passar a ser utilizado pela igreja)                                                                                              O prof. de Literatura e especialista biblico James Charlesworth, cita um  manuscrito armênio, conhecido como Matenadaran 2374 do ano  989, em que o copista relata   uma nota entre 16:8 e 16:9, afirmando "Ariston eritzou" (ou seja feito  por Aristão, o Velho Padre). Ora Aristão de Pela  é conhecido de antigas tradições, cristãs citadas por  Papias  bispo de Hierapoilis e contemporâneo de S.Policarpo , como sendo  um colega de  S.Pedro  .                                                                                                             O Comité de Tradução da Bíblia afirma:  "Os primeiros manuscritos e algumas outras antigas testemunhas não têm Marcos 16:9–ate 20".

 Citações muito antigas feitas pelos Velhos Padres indicam que esse final foi composto no século II, sendo que o  vocabulário e estilo denotam  que foi escrita por outra pessoa que não Marcos. É um resumo geral da matéria sobre as aparições do Jesus ressuscitado,

 Numa  sociedade patriarcal como a da época , a presença  notória de Madalena era incómoda em vários  sectores do cristianismo. Foi um problema para  homens de seu tempo, disse a historiadora Lucetta Scaraffia, no L'Osservatore Romano.

Assim tal difusão ,quanto a mim, enquadra-se no menosprezo secular da  mulher, enquanto ser possuído por varios espiritos malignos :  se um homem  podia ter  um demónio ... a mulher teria  concerteza sete demónios para expelir !!

 

c) --- Vejamos agora a questão das 3 Marias:  não existe razão na Bíblia para acreditar que eram todas a mesma pessoa. Maria Madalena não era a única mulher que seguia Jesus (eram pelo menos 7)...Salomé, Joana, 3 Marias, Marta , Suzana .

Este era o fundo da questão ainda na época quinhentista , em pleno concilio de Trento : uma ou mais Marias ?...e a discussão prolonga-se ..mesmo na sociedade portuguesa, vide um soneto de Sá de Miranda que afirma : ” Gregorio a pôe por uma, outros Doutores/ fazem as três, após Gregorio vão/ despois os mais, com todos os pintores!.”

Mas a moderna exegese desmente essa identificação. Nas últimas décadas, esta imagem foi revista  pela Igreja. No seguimento do concilio Vaticano II , em 1969, os predicados "penitente" e "pecadora" foram excluídos da seção dedicada a ela no 'Breviário Romano'."Isto eliminou um estigma que havia sido acentuado por ocasião da ContraReforma, e do concilio de Trento,que decretou a Vulgata como única  versão oficial da Igreja católica e fundou a Inquisição.

Ao todo esta optica vigorou uns 1.300 anos (desde 591 a 1969)...

João Paulo II em particular, destaca o especial papel de Maria de Magdala, como sendo a primeira testemunha que viu o ressuscitado, e a primeira mensageira que anunciou a ressurreição do Senhor aos apóstolos (in Enciclica “. Mulieris dignitatem “ de 1988). Deste modo converteu-se em Evangelista .   ...

Em 2016, papa Francisco transformou a data de Maria Madalena, 22 de julho, em festa litúrgica. De acordo com o Vaticano, a decisão foi tomada porque Francisco gostaria de "assinalar a relevância desta mulher que mostrou um grande amor por Cristo". Sempre a seu lado nos momentos mais criticos de sua vida. Ele voltou a enfatizar seu título de "apóstola dos apóstolos", apelando a um maior reconhecimento das mulheres na Igreja de hoje : “Na actualidade, quando a Igreja é chamada a reflectir mais profundamente sobre a dignidade da mulher, pareceu conveniente que o exemplo de Santa Maria Madalena fosse também proposto aos fiéis de uma forma mais adequada.

 

Falemos agora da  representação iconográfica de Maria Madalena

-O estigma que pairou sobre Madalena , manifestou-se, inclusive, ao nível da sua iconografia, De um modo geral, Santa Maria Madalena aparece representada com o atributo mais conhecido do pote dos óleos com que terá ungido Jesus.

Mas o principal atributo da imagem de Montalvão, de Santa Maria Madalena, é o livro de Evangelhos exibido na mão esquerda, ilustrativo da sua condição de “Apóstola dos Apóstolos”, segundo a já mencionada denominação . Trata-se, de uma raridade, apenas com paralelo, com uma escultura em pedra eventualmente quinhentista e da oficina de Coimbra, existente no museu Machado de Castro, de autor anónimo. O principal detalhe é a apresentação do livro em si mesmo, em detrimento do pote de perfume.



Assim constata-se a existência em paralelo temporal das 2 versões . A do frasco de perfume e a do livro...mas com predominância esmagadora , no que se conhece de obras, da versão da pecadora...reflectindo as mentalidades da época...Esta portanto que vemos aqui : a versão  alternativa embora minoritária que há muito vinha existindo...

A  imagem de Montalvão , embora dissimulado à frente, também apresenta a cabeça semi-coberta pelo manto- tal como a outra de Coimbra -  contrariando assim a imagem dos cabelos soltos e a descoberto da mulher pecadora , habitualmente presente na pintura  de época.----

  pintura de Domingos Serrao-


---De informações que nos foram dadas pelo eng. Luis Gonçalves  Gomes de Montalvão em outubro 2019...destacamos :

---Relevante, em termos, eventualmente, de datação da imagem, as vestes da imagem de Montalvão são rematadas na zona do pescoço, com mais visibilidade, e nos punhos, com uma gola ou rufo encanudado ao estilo da época renascentista (séc. XV e XVI).

Também como detalhe-acrescentamos nós: a forma velada de escrever o nome da santa apenas com as iniciais.

E como paralelismo entre as 2 imagens semelhantes – a de Coimbra e esta de Montalvao- saliente-se o facto de ambos os cintos respectivos serem rematados por um grande laço, simbolo de união espiritual ( os laços do Amor com o Divino).

 

2--- Quanto aos  primórdios do culto a Santa Maria Madalena, em Montalvão,

No levantamento paroquial realizado por Frei António Nunes de Mendonça (vigário de Montalvão, no setecentos...1758) é mencionado um altar dedicado a Santa Maria Madalena, presumivelmente existente na desaparecida capela dedicada a São Marcos, , (que coincidência:  o primeiro evengelista, o original)..!!!! de onde a imagem multisecular  mostrada na Igreja Matriz  poderá ser originária.

 

.. 3---Como assinalável coincidência o facto da imagem de Madalena repousar entre colunas salomónicas, em seu nicho junto ao altar mor ...sendo que o último Mestre da Ordem do Templo de Salomão (D. Frei Vasco Fernandes ,depois comendador de Montalvão, onde viveu os últimos anos de vida, após a extinção da Ordem Templária ) tambem terá sido sepultado bem perto no altar mor , segundo a .tradição...

 

Ora isto leva nos a outra e ultima questão: acerca da relação entre o culto de Madalena e os templarios.

Na verdade  Madalena está  unida  à  filosofia templária desde o ano do nascimento da Ordem …(o mesmo ano da criação do portal de S.Maria Madalena de Vezelay ) de onde S.Bernardo pregará a 2ª Cruzada (onde estará presente o mestre Gualdim Pais) .

--Recordemos que S.Bernardo –em sua apologia--chama a cavalaria templaria “ à obediência do castelo de Maria(Madalena) e Marta “ ou seja : os freis cavaleiros devem fazer seu serviço cortez a esta "noiva espiritual  "... tal como as freiras se entregam a Cristo (ficando suas mães como “sogras de Deus” na curiosa expressão de São  Jerónimo)…

Aquela conhecida também pela “outra Maria”, simbolizou para os Templários a discípula que ama o mestre acima de tudo, a testemunha da Sua Ressurreição, e a portadora da Boa Nova!"...

 

 

Naqueles tempos a cavalaria tratava a Mulher por igual …o tempo dos romances  de Amadis e Oreana ,  na tradição arturiana ... e céltica  presente na Galia de Chartres  sendo S.Bernardo um dos ultimos avatares dessa época !

de que ainda resta no nosso Quinhentos : a saga de Palmeirim  em Almorol e as medalhas metálicas dos arreios dos cavalos dos freis ,onde se figura a iniciação por uma mulher ( que na linha do que é assinalado na  Legenda Aurea , bem pode ser Maria Madalena, a iniciadora)… e uma palavra Amor…(iniciático/espiritual).

IMAGEM DA MEDALHA DE ALMOUROL


 

Efectivamente  a  Legenda Dourada  de  Jacob de Voragine, cronista e arcebispo de Génova   chama  significativamente a  Madalena –iluminata e iluminatrix- (iluminadora) - a que confere a Luz-  portanto iniciada e iniciadora

IMAGEM INICIADORA... semelhante  à  anterior 



Depois com o Renascimento  sobreveio a morte dos ideais cavaleirescos , enquanto contrário à ordem antiga  onde a mulher perde estatuto --resíduos de uma velha  iniciação matriarcal…a que se seguiu  o banimento oficial das mulheres  co-celebrantes rituais,   até hoje.

 

Madalena exige hoje um novo olhar! Para crentes e  não crentes !

 

Ja no dealbar deste nosso século surgiu um  livro O Codigo da Vinci de Dan Brown   que  à sua maneira relança o papel de Madalena, confabulando  a partir de uma construção eclesial de fins do  sec XIX  (Rennes-le –Chateau/França)   erguida há pouco mais de cem anos pelo padre Sauniére em menagem a S.Maria Madalena ; nas vizinhanças de uma  antiga e modesta comenda  templaria (Aleth les Bains).  Tal deu fama a esse lugar e a muitos outros onde corre a sua estória, incluindo locais ingleses que rápidamente duplicaram o numero de visitantes…que vem em busca dum halo de misterio  …e que sinceramente pouco tem a mostrar de significativo...Porém ,nós  em Tomar,  temos para oferecer outra realidade e bem mais antiga sobre o assunto, mas desconhecida da maioria dos nacionais e dos estrangeiros…

Em verdade,  já nos interrogávamos há muito sobre o que faziam Madalena e o mestre Gualdim no mesmo lugar, a capela gualdinica  (frente a frente nas paredes laterais) de S,Maria dos Olivais, o panteão templário dos seus mestres .

Mas olhando de novo e minuciosamente  para a nossa Madalena de S.Maria de Tomar deparamos com um detalhe intrigante...um sinal ou mensagem velada eventualmente aqui deixada talvez por um dos últimos templários perseguido pelo inquisidor mor...(daqueles- dos velhos templarios resistentes ao nosso Filipe o Belo: o famigerado frei Antonio Moniz de Lisboa -  e que são referidos como pastores furtivos em conclave na Mata dos Sete Montes em Tomar  na obra  Lusitânia Tansformada de Fernão Alvares do Oriente,  coevo de Camões.

Talvez aquele  que assina  DP (eventualmente Diogo Pires, o Moço?) nos frescos dos primeiros claustro conventuais (Henriquinos).Conseguiu deixar  assim nesse mesmo sec XVI  ,no Panteão dos Mestres,  a sua  mensagem  secreta na imagem   de S. Madalena de mãos  postas, significativamente  colocada na capela templaria …Se repararem olhando de baixo mas com sentido elevado verão o sinal: as suas mãos desenham uma fechadura-sinal da chave …ali colocado disfarçadamente e só visível  de certo ângulo !…

IMAGEM SINAL MADALENA  


Ah se o homem do Código tivesse seguido esta pista, nossas duas  igrejas teriam hoje tb milhares de visitantes!

 

Com a reunião das 2 imagens de Madalena cumpriu-se a Mensagem!

Madalena é a chave ...entre o Alfa e o Omega !

É através dela que se refaz uma ligação perdida (há muito) entre terras templarias, todas comendas de uma mesma Ordem ...a do Templo ! Com a sua vinda a Tomar , assim se uniram Tomar e Montalvão, a terra do primeiro mestre ali sepulto , Gualdim Pais, com a terra do último  mestre, Vasco Fernandes aqui  sepulto! O alfa e o Ómega em terra portuguesa...assim se refaz e pratica a Rota templaria hoje...

Madalena, ela , é o veículo dessa união/ transformação em que ela propria se transforma , na imagem iconográfica, através de seus atributos : Do Vaso da pecadora ao Livro da Apóstola ! A Nova Madalena ! Hoje redignificada pelo Vaticano

Mas hoje já não precisamos de Dan Brown para o assinalar,  felizmente há outros caminhos :  Exatamente 7 anos depois da proclamação papal sobre Madalena fecha-se  um ciclo (como os 7 dias da Criação ou a mistica do 7...e  começa outro: : daqui a uma semana temos o papa em Portugal,     E pq não : alguém daqui da região – seja do clero ou voluntario das Jornadas de Juventude- que  procure fazer chegar as mãos do papa ou do seu circulo restrito (para seu conhecimento) uma simples pagela com esta imagem única de Madalena que Montalvão tem em sua igreja (a única Madalena com livro que está numa igreja aberta ao culto, a outra Madalena semelhante está num museu) , portanto mostrando assim estar na vanguarda da doutrina actual – o que por certo muito agradará ao papa e não só ...o resto fará a comunicação global, o suficiente para colocar no centro das atenções, este lugar periférico (que até só  tem vizinhos ao fim de semana, do lado do rio!)..: Afinal uma terra tb se promove pela sua imaginaria patrimonial!  Passem a palavra !

   ....                   





Não a nós mas a eles a Glória !      



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