Conforme se lê no recente livro sobre O Mestre (Gualdim), acerca do antigo rio Thomar (ou Thamara segundo os arábicos) : É significativa a familiaridade deste nome com o do rio galego citado na carta do monge Duodechino, acerca da vinda dos cruzados a Lisboa em 1147, quando refere a sua paragem em Compostela: “in portum galiciae qui Thamara dicitur”... Um milénio antes o geógrafo romano Pompónio Mela referia o mesmo rio da Galiza por Tamaris , in “ De situ orbis”.
Por sua vez Estrabón y Plinio el Viejo relacionam o nome desse río com a planta que abundava em suas margens : a Tamarix, um arbusto de pequenas flores branco-rosadas, reunidas em densos cachos, de folhas semelhantes a escamas e de cujos ramos finos se podem fazer cordas, existente em várias regiões da Penuinsula Ibérica....
Seguindo a evolução da nossa lingua, temos a sua referência no primitivo selo templário do concelho de Tomar, designado por “Concilíi Tomarij”...
Já os galegos por outro, acabarão por chamar ao seu rio: Tambre - uma evolução específica, por queda da vogal intermédia... Atrás deste rio “ Trans Tameris” se formou aliás o condado de Trastâmara , em terras dos Trava, que iam até ao mar in Finnisterra...
Ora a Tamarix é uma planta por nós (hoje) chamada Tamargueira. O local onde se desenvolve, geralmente nas margens de certos cursos de água, chama-se Tamargal. Perto de Tomar escontramos uma localidade chamada Tramagal( medievalmente chamavam-lhe Tarmagal). Na região de Ourém há referencias antigas a Tamarel e Tomarães.
Há outras referências nas Hespanhas: como na região de Huelva/Sevilha e também junto á fronteira medieva entre os reinos de Leão e Castela ,o vale de Támara, a uns 70 Kms a ocidente de Burgos que foi cenário de lutas (1037) e de acordos de paz (1127).
Por sua vez na Catalunha as designações variam... tamaró, tamarell, tamarill (em Valência).
Designação presente sob varias formas ,também a Oriente... referida como sombra biblica de Abraão e até abrigo na legenda de Osiris ...
Deixando porém os “ramos” para regressar ao tronco... arbustivo: é possivel assim, concluir que este nome medievo do rio- Tomar- (que depois deu o nome á urbe)- deve ter origem no facto de em algum ponto das suas margens (a nascente) ser acompanhado de flora da bela família das Tamaricáceas, tal como o rio Tejo que nasce em Espanha aí se chama Tajo devido à abundancia do teixo (tajo) em suas margens...
De facto um pouco acima de Formigais, na zona de Pelma/Alvaiazere na sua margem esquerda, há mesmo um lugar chamado de Tramagueira - transposição popular de Tamargueira ...Aqui sem dúvida, tem portanto , grande peso a fito-toponímia !..
A reforçá-lo e comprová-lo citamos textualmente de um estudo recente do Instituto Superior de Agronomia, sobre a vegetação em ribeiras da bacia do Tejo “ Em rios onde a estiagem é elevada (afluentes do rio Nabão) a tamargueira é o principal elemento constituinte da galeria ribeirinha” ...in Revista Recursos Hidricos,vol 24,pg 84.
..Afinal a Tamargueira não é só ficção de telenovela…
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Outros destaques do livro O Mestre Templario na Fundação de Portugal(edição Ésquilo 2011)
-Uma biografia completa do fundador da urbe “tamarense” onde se fica a conhecer toda a familia de D.Gualdim Pais : dois irmãos (D.Vasco e D.Gomes) e uma irmã (D.Sancha).
-Vero livro das Horas-momentos de sua vida ...em 24 capitulos , que se iniciam veladamente por uma frase , cujo total na primeira metade do livro dá uma versão da conhecida lenda local das moedas de ouro e na segunda metade dos capitulos compôem o Pater ou oração diaria dos cavaleiros...
Tudo começa no alvorecer da cavalaria divina –1118…
- Onde se fala do Recontro de 1137 junto ao Porto Velho do rio Thomar contra uma força berbere do principe Texufine, subindo até Santa Maria de Cárquere (Lamego) arrasada nesse ano .
- Onde se discute - em Intermezzo -o Templo de Recesvinto na Ribeira de Scalabidis...à imagem da “Santa Iris” de Clovis , o rei cristão merovingio (luminar e modelo da igreja da época)...e se fala de uma região central de Iria à semelhança da região irenica galega, aqui : de Sant’Iria…AL’Iria ou seja de Santarem a Leiria…
- Onde se relata a comissão de serviço de Gualdim Pais na 2ª Cruzada : onde se encontra com Isis a rainha -deusa egípcia- e com a famosa Condessa de Tripoli cantada pelos trovadores...
- Onde se referem as influências orientais em Tomar e arredores : as procissões festivas das primícias do pão em Tabuleiros, à imagem das procissões nas margens do Nilo à deusa Isis , onde atrás do “estolista” seguiam os portadores do pão (sic)…e o Ritual dos vasos de “Cabeleiras” , a quando da entronização do Imperador, na festa anual em Carregueiros, como resíduo arqueo-teológico fenicio...
- Também referindo a igreja da Divina Sabedoria (S.Sofia) a par da Igreja da Divina Paz (S.Iria) – na Constantinopla justiniana – ambas igrejas de invocação simbólica e não a santas reais, prática aliás comum na igreja oriental . Depois personalizadas (como mãe e e filha) no 1º teatro edificante cristão conhecido, obra da monja alemã Roswita de Gandsheim, servindo á difusão da conhecida carta de S.Jeronimo ás mães, exortando-as a serem “sogras de Deus” (sic)!.. entregando-lhe suas filhas...
- A Charola como espaço-cúpula pintado de ilusão apresentando um fundo primeiro de falso aparelho de influência borguinhã cisterciense…como em Romain Môtier-sec XI- no Jura- (hoje Suiça). Modo de decoração singela, consistindo na imitação das pedras de construção, traçando sobre fundo claro linhas de cores diferentes , sobrepostas, representando as juntas .
- Onde se fala da Aritmética de Boecio presente na Charola : os números “ Parmente Par “ ou seja as potências de 2, ao centro o 8 e no deambulatorio o 16...
- E finalmente e a propósito do desfazer do Cerco de 1190 , apresentam-se traços do carácter de Gualdim , sugerindo uma sua reencarnação moderna: o soldado Milhões !
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