Ao
tempo da concessão da região de Ceras aos Templários (sec XII)
refere-se no documento o rio Tomar (cuja nomenclatura já explicámos)
como limite territorial. E só no seculo seguinte nos aparece
documentada a designação Nava de Juncoso para o rio que atravessa a
urbe .De juncoso , pq aqui abundavam os juncos- planta verde e
flexivel cujas hastes de 1,5 metros eram empregues na confeção de
cestaria. Como sua memória temos paralelo ao rio e proximo os
lugares de Juncais de Cima e de baixo...
Nava,
porque curso de água navegável. Mas também denotando as origens
dos povoadores minhotos e bracarenses que para aqui vieram convidados
por Gualdim e seus templarios , através de forais atractivos.
Efectivamente na região de Amares (origens de Gualdim) existe
memoria de um mosteiro cistercience (S.Maria de Bouro, sec XII) em
cuja vizinhança corre o rio Nava , barulhento com suas águas a
cairem pela penedia circundante e fonte de energia para lagares
locais (tal como em Tomar).
Um caso de importação onomásrica tal
como o topónimo Caldelas ( a que já J.M. Sousa , há 100 anos em
seu livro, não encontrava explicação para tal designação, não
havendo ali aguas termais, mas apenas uma fonte)... Ora existe uma
outra Caldelas exatamente e também neste mesmo concelho de Amares (
como já referido no nosso livro “O Mestre”) onde existem várias
nascentes de agua nas encostas do monte de S.Pedro Fins (o mesmo
orago que foi dado á capela do nosso cemiterio medievo em Tomar ...onde havia uma lápide referente a um dos primeiros povoadores de ascendência nortenha: Garcia Vermudes! ).
Memórias
portanto de nossos primeiros povoadores cristãos , que trazem
consigo os seus cultos e as saudades de suas terras ...( Tal como no
Brasil, por exemplo, existe uma Santarém, assim denominada em sua
homenagem, pelo luso governador do Pará e irmão do Marquês de
Pombal...
Mas
prossigamos para a região de Burgos (Espanha) ao encontro de outro
rio Nabón...
Ali
está sepultada a infanta D.Branca , no mosteiro de las Huelgas ,
irmã de D.Dinis (faz neste abril 697 anos). Senhora de Montemor,
T.Vedras e Montalvão, herdeira de Afonso o Sábio, protectora de
mosteiros e mulher de cultura. Cantada por Almeida Garret em seu
poema romãntico “Dona Branca ou a conquista do Algarve” a qual
se apaixona pelo ultimo rei mouro a quando do seu caminho para Burgos
(na verdade por um cavaleiro cristão )...enfim “um engano de alma
ledo e cego”... Neste romance se inspirará Alfredo Keil, criador
das operas Santa Iria e Dona Branca , esta estreada no São Carlos
(1888) e cuja acção começa na “Floresta encantada de Sagres”...
Mas
continuemos a nossa viagem , depois deste "aparte"...internando-nos
por Rioja e Najera num bosque de carvalhos e pinheiros (á dextra de
Burgos) chamado precisamente Floresta da Demanda e por onde o santo
Graal , diz-se, irradia magia e mistério pelas terras vizinhas...e
subamos pelos montes Obarenes até á localidade de Berberana.
Aqui
encontraremos finalmente o rio Nabón que nos acompanhará paralelo à
estrada até Quincoca de Yuso (tal como o nosso Nabão , para quem
se aproxima de Tomar ! )...E prosseguindo pelo vale de Losa
chegaremos à ermida romãnica de san Pantaleon , assente sobre uma
rocha que simula a quilha de um barco ...tal como a esquina pétrea de
Almourol (qual proa da barca salomónica) ou a planta da frente
avançada do castelo de Tomar .
Por
aqui passaram os templários...na fachada e janelas iconografia
ligada à mistica do Graal e do santo. Um velho que suporta o mundo
como coluna, outra em forma de faísca à entrada! ...Altamente simbólico!
Igreja
consagrada em 1207 . Um tramo, cupula e abside singela. Um peregrino
passando no vale falou de um calice visto na igreja...Perto há uma
aldeia chamada Criales ...aproximada a grial (em espanhol graal )…
San Pantaleon é pois um lugar do Graal .
E
isto remete-nos a Troyes – lugar de anuncio do Graal , através de
Chrétien o escritor do sec XII que viveu em Troyes , a qual tem
nove igrejas, tantas como os 9 cavaleiros iniciais da Ordem
templária, entre as quais a de S.Madalena e a de San Pantaleon...
patrono da medicina e santo martir da igreja oriental (Nicomedie).
Quem
tem olhos veja e entenda !
BRAVO
ReplyDeleteEstive a ler sobre os templários, nomeadamente sobre o culto a João Baptista. Lembrei me então de uma descoberta que foi feita em entradas, no Alentejo. Uma cabeça em prata com a relíquia de um pedaço de craneo. Essa cabeça esteve precisamente numa igreja dedicada ao Santa. Hoje em dia atribuem, sem a certeza absoluta, a relíquia a s. Fábiao. Seria interessante saber se de facto não será antes do profeta.
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