Recentemente fui alertado por um post de uma companheira de jornadas culturais que referia o primeiro e original nome judaico do filósofo Espinosa, como sendo Baruch.
Nascido no Seiscentos em Amsterdam (Holanda), de origem judaico portuguesa, como tantos outros refugiados da nossa inquisição quinhentista e construtores da sinagoga portuguesa de Amsterdam, seiscentista.
Baruch o abençoado, estudioso da Bíblia e de Maimonides … fala da Natureza como Deus e da natureza humana como parte.
Spinoza foi um dos pais do iluminismo e do século das luzes, a nova filosofia racionalista que defende a liberdade contra a opressão religiosa e o primado da razão para alcançar o conhecimento, alicerçando-se na dúvida cartesiana.
Ora cogitando…(como aquela lúcida parceira tb recomenda noutro post) acerca do assunto, lembrei-me que na investigação para o meu livro “De Eyreia a Sophia” prestes a sair da tipografia, tinha encontrado um “Barufo” no rol de aforados nos inícios do Trezentos em Thomar, assim como um Adam , considerando a ambos como nomes judaicos.
Conforme ao Apêndice documental de 1327 ( Rol das rendas afectas à Ordem de Cristo em Tomar), publicado por Isabel Luísa Morgado de Sousa e Silva da Univ. Portucalense, in Militarium Ordinum Analecta, nº 1 de 1997, pág. 110; ali se refere a comenda do Prado com seus 6 moinhos horta e olival que valiam de renda 600 libras em 1327, comenda a que também pertenciam os foros das oliveiras que tinha o “Barufo e seus ereus” (herdeiros).
Analisando este nome, encontrei também em outros registos e coevamente um Baruc dito judeu na Guarda, assim como um Baruch dito judeu em Monzon, na Espanha sefardita.
A comenda agrícola e templária do Prado foi iniciada com a primeira doação à Ordem do Templo de uma herdade com seus moinhos no loco, feita por Dom Ouro, cinco anos depois da data do II Foral gualdinico a Thomar, que este ano comemoramos.
Mais tarde a Ordem de Cristo anexando no quinhentos mais terras - por iniciativa do inquisidor mor frei Antonio de Lisboa - criou a Quinta da Granja, que além de notável edifício para descanso e meditação dos freires, ainda hoje contém os restos de um lagar de azeite.
Possivelmente aquele onde o Barufo ancestral moía a sua azeitona, que bem podia ser recuperado em parte para visitas de estudo pelo menos e quiçá chamar-lhe o moinho do Barufo!
E sendo assim ancestral da família Baruch que deu origem séculos depois a tão famoso filósofo- Spinosa- diremos que os genes de tal pensador andavam por aqui há muito…bem podemos dizer que pairavam aqui as luzes que haviam de vir (o advento da luz) nascendo das trevas da opressão.
Quanto ao edifício, já do seiscentos, ostenta uma “bela fachada nascente, de loggia palladiana (influência italiana) com seu frontispício maneirista” sg José Augusto França. E tudo o que descrevemos atrás é razão suficiente para dar o nome de Espinosa a uma ala ou sala deste edifício: um valor acrescentado para seu futuro!
Nota: Na 1ª Imagem - o pensador de C. Marina - em analogia ao monumento em Haia a Spinoza: “a suave cabeça pensativa“ no dizer do filósofo Renan.