22.4.12

O Segredo de Madalena




                 
Que fazem  Maria Madalena e Gualdim o Mestre templário , no mesmo espaço?

Venha ver para crer…a realidade para além das estórias de Dan Brown, que não conhece os verdadeiros sinais …essa parte do tesouro tal como outras está realmente em Tomar e não  em França…
Ha indicações para aqueles que tem olhos para ver…

 O  codigo de Dan Brown confabula a partir de uma construção eclesial de fins do  sec XIX  (Rennes-le –Chateau/França)   erguida há pouco mais de cem anos pelo padre Sauniére em menagem a S.Maria Madalena ; nas vizinhanças de uma  antiga e modesta comenda  templaria (Aleth les Bains).  Tal deu fama a esse lugar e a muitos outros onde corre a sua estória, incluindo locais ingleses que rápidamente duplicaram o numero de visitantes…que vem em busca dum halo de misterio  …
Porém ,nós  aqui em Tomar,  temos para oferecer outra realidade e bem mais antiga sobre o assunto, mas desconhecida da maioria dos nacionais e dos estrangeiros…
Comecemos pelo principio . Quem era  esta S.Maria Madalena , que a igreja Oriental hoje comemora (  2º   Domingo apos Páscoa)…

               
Natural de Magdala, cidade da  costa ocidental do Mar da Galileia,  Maria Madalena era  uma das discípulas mais  amadas do “rabi” Jesus , segundo as memórias disponiveis da época , acompanhando-o para todo o lado desde que O conheceu. Madalena é a que lhe lava os pés  cansados do Caminho, com um frasco de bálsamo, a que assiste  à  Crucificação, e a 1ª testemunha da Ressureição.   
Depois segundo uma tradição veio de barco para sul de França com familiares , onde acabou seus dias,ajudando a evangelizar a região.

São trazidas da Provença  as ossadas de Madalena para  Vezelay-Borgonha-  onde se ergue igreja com  fabuloso portal ,expoente artistico da época em 1118, o mesmo
ano do inicio da Ordem templaria a Oriente e também  ano do nascimento do nosso Gualdim Pais nos arredores de Braga.

 S.Bernardo- que pregará a 2ª Cruzada deste portal, chama entretranto a cavalaria templaria “ à obediencia de Betania “ o castelo de Maria(Madalena) e Marta(sua irmã) .Ou seja : os freis cavaleiros devem fazer seu serviço cortez a esta "noiva espiritual  " Maria de Betania ...tal como as freiras se entregam a Cristo (ficando suas mães como “sogras de Deus” na curiosa expressao de São  Jerónimo)…
No seculo seguinte a  Legenda Dourada  de  Jacob de Voragine, cronista e arcebispo de Genova  chamará significativamente a  Madalena –iluminata e iluminatrix- (iluminadora) - a que confere a Luz-  portanto iniciada e iniciadora…

E o seu culto expande-se por varias regiões de França. Em 1295 o centro do culto polariza-se em St. Maximin (Dep. de Var) onde foram reconhecidas  ossadas superiores  às  de Vezelay  - ainda hoje há  anualmente uma  procissão da cabeça de Maria Madalena- o crâneo em exibição na basilica local- recoberta com máscara dourada quando sai á rua em Julho…(neste ponto convêm lembrar a célebre acusação do culto às cabeças- atribuido aos templários)… 

 Naqueles tempos a cavalaria tratava a Mulher por igual …o tempo dos romances  de Amadis e Oreana ,  na tradição arturiana de que ainda resta no nosso Quinhentos : a saga de Palmeirim  em Almorol e as medalhas metalicas dos arreios dos cavalos dos freis ,onde se figura a iniciação por uma mulher ( que na linha do que relatamos  da Legenda , bem pode ser Maria Madalena, a iniciadora)… e uma palavra Amor…(iniciático/espiritual).

                      
Depois  sobreveio a morte dos ideais cavaleirescos , com o Renascimento enquanto contrario à ordem antiga  definindo-se pela negação das” trevas” (mas onde contudo havia luz ) onde a mulher perde estatuto -antes poderosa-vindo da antiga tradição céltica  presente na Galia de Chartres  sendo S.Bernardo um dos ultimos avatares dessa época .
Aqui em Tomar , o nosso Filipe o Belo tenebroso  chega  2  séculos depois de França- o frei Antonio Moniz (nome ainda com sucessores) arrasa a tumularia dos mestres cavaleiros templarios …ao mesmo tempo que encerra a cavalaria nova no Convento- de onde contudo alguns ainda resistem –disfarçados de pastores , encontrando-se na Mata dos 7 Montes  (sg conta a Lusitania Transformada) esse pedaço da floresta do Sangral…que cerca o castelo de Tomar…
Aqui talvez como memoria escondida desse periodo aureo o ultimo ” templario” perseguido…talvez o que assinou DP nos frescos dos primeiros claustro conventuais  conseguiu deixar  nesse mesmo sec XVI  ,no Panteão dos Mestres,  a sua  mensagem  secreta nas mãos  de S. Madalena de mãos  postas, significativamente  colocada na capela templaria …Se repararem olhando de baixo mas com sentido elevado verão o sinal: as suas mãos desenham uma fechadura-sinal da chave do misterio…ali colocado disfarçadamente e só visível  de certo angulo -o da Verdade  templaria irénico- ecumenica entre filosofias e géneros (onde tb havia freiras neste seu castelo principal,um dos 3 a Ocidente e hoje único completo)… Afinal Madalena está assim  unida  à  filosofia templaria desde o ano de seu nascimento…e a S.Bernardo como seu mentor… resíduos de uma velha  iniciação matriarcal…a que se seguiu  o banimento oficial das mulheres  co-celebrantes rituais  até hoje..  Alguns até incomodados com a sua presença nessa capela  fazem crer  que ela é  santa Barbara –porque está a olhar para o ar, esquecendo o pote de perfume a seus pés…que a identifica sem margem para dúvidas…






Ah , este lugar é para ver no seu conteúdo total,incluindo a nova listagem lapidar recentemente ali colocada  de todos os mestres do Templo ali sepultos…Porque aqui permanecem secretas vibrações que valem uma visita de muitos… sejam nacionais ou estrangeiros…Passem a Palavra !
  

7.4.12

Diacronia Processional



 A princípio era o Bem e o Mal. Na natureza sucediam-se os dias fastos e os nefastos em número semelhante...


Face às variações astrais , acidentes climáticos, morte e visão duma terra que floresce e gera frutos, os homens - esses Adões desterrados na floresta Primordial - invocam a magia da natura que os rodeia . A dança, o corpo, o tan-tan, o grito, são o primeiro diálogo com o sobrenatural, exercício expiatório ou prece de uma benesse...

E a festa repete-se circunstancial por todas as latitudes, sedimentando-se temporalmente os cultos sob as mais desvairadas formas rituais.

                         
No antigo Egipto, Isis, a deusa dos mil nomes, a que concedia a cevada e o trigo, era cultuada através de uma procissão de crentes: na frente ia o chantre com o simbolo da música, um livro de hinos teológicos e outro de regras de conduta; seguia-o o horóscopo com o símbolo da astrologia - um ramo de palmeiro- e os quatro livros herméticos sobre os astros; após o que vinha o Escriba sagrado, com plumas na cabeça, na mão a régua ,o tinteiro e a cana para a escrita hieroglífica; depois o Estolista com a vara da justiça e a taça das libações;finalmente o profeta com sua túnica, em cujas dobras leva a Urna sagrada exposta. Acompanhando os ministros da classe superior, seguem-se outras classes de fieis, como os pastophoros ou curandeiros e os que levam os pães.

A propósito dos pães em procissão - é bom lembrar - que a região de Selium (hoje Tomar) se integrava no tempo dos romanos em plena rota isíaca para Emerita, onde descansavam as legiões; há referências, pelo menos em dois lugares, nessa via a aras votivas dedicadas pelas sacerdotizas romanas de Isis : em Tucei e Cabrei (vide Hubner, CIL II ) .

Entretanto na antiga Síria tinham lugar os chamados Prantos de Thamuzi ou choro ritual pela morte do deus da vegetação a quando das ceifas...

Nos primeiros séculos da nossa era encontramo-los na Andaluzia (mais tarde travestidos na Semana Santa sevilhana!) trazidos pelos mercadores e mareantes fenícios - os cananeus biblicos - cujos cultos se mamtêm inalteráveis durante milénios...

Da mesma área, também os adeptos de Atis-Cibele importam para o império romano o costume de imponentes procissões aquando dos equinócios de Março, onde se transporta um pinheiro-simbolo da divindade-envolvido em fitas de cor roxa; no seu séquito, as mulheres choram : "héu, héu, Salvator noster"...tal como mais tarde nos rituais da Paixão, se lamentarão os monges bernardos...

Já na era cristã,a 25 de Abril em Roma,pratica-se a "ambarvalia": procissão através dos campos para pedir boas colheitas;o cortejo em fila , devido à estreiteza dos caminhos,seguindo desde o Corso até ao bosque sagrado dos arredores,onde se sacrificam as vísceras de um animal.

No seculo IV o papa Libério pensou adaptar esta procissão aos tempos cristãos,mas mantendo o itinerário...Mas é só no século IX,com Leão III , que se establece com vinculo certo na semana de Pentecostes, a chamada penitencial ou rogativa,onde o rei descalço e o povo participam, percorrendo os campos durante 3 dias, com a cabeça coberta de cinzas.

Na Ligúria, leva-se na procissão o Draco: estandarte que tinha pintado um dragão,simbolo do diabo.Durante os três dias, o Draco tomava várias posições segundo uma simbologia determinada. Assim no primeiro dia, ia á frente da procissão, de cauda erecta - estandarte vertical - representando Lucifer, o principio do Mal, arrogante...

No segundo dia,quando as orações começam a fazer efeito, o Draco passava para o meio da procissão e "baixa a bola" ou seja a cauda(!)-estandarte inclinado. Finalmente no 3ºdia o Draco passava para o fim da procissão e ia de cauda plana, rastejante - estandarte deitado - significando que já fora vencido...

Na passagem do milénio a febre processional intensifica-se perante o terror do desconhecido. A própria missa é uma sucessão de procissões: ao introito a dos clerigos pelo deambulatório,ao Ofertório a dos crentes,a comunhão até ao altar, acompanhadas do cãntico dos salmos bíblicos.

A sociedade medieval torna-se uma civilização visual: nas cerimónias solenes desfilam o cruciferário,o evangeliário, os candelários,o turibulário,etc...

Toda a procissão é como uma viagem primordial até ao Deus Criador de todas as cousas visíveis e invisíveis.Surgem relatos de viagens fantásticas nesse sentido, como o da navegação irlandesa do abade S.Brandão e seus monges,em demanda da ilha mística,errando durante sete tormentosos anos,pelas águas da iniciação e da purgação ou a provação regeneradora até atingir a Terra da Promessa.

Também a lenda da viagem de Túndulo,em visão ou sonho,percorrendo os infernais subterrâneos onde se torturam os condenados às trevas,ao fogo e ao gelo; depois a ansiedade do Purgatório e por fim as delicias do banquete celeste...

Imitando a viagem biblica do Rei David, a quando do transporte da Arca da Aliança, as peregrinações tornam-se a mais perfeita forma de ascese dos tempos da cavalaria. Viagens de penitência,purificação e gozo,até junto dos tumulos e reliquias dos Lugares Santos: Compostela, Roma e Jerusalém.Aqui se demanda a Vera Cruz e a Arca.

Para os vilões ou peonagem que não podiam ir tão longe, resta-lhes por exemplo a chamada Légua de Jerusalém, na catedral de Chartres (sec.XIII), labirinto de 12 m de diametro e 200 m de comprimento, que os fieis percorrem até atingir o centro, significante da Jerusalém Celeste...

Ou os monges que não saiem de seu mosteiro,viajando processionalmente pela quadratura de seus claustros,e retornando ciclicamente ao mesmo lugar,orando e meditando,na demanda da Revelação dos mistérios de Deus.Assim por exemplo, em dia de aniversário de defuntos, no convento de Thomar: depois da missa,se ordena a procissão desde a Charola à Claustra do Cemitério,indo diante da cruz o acólito com a água benta para aspergir as sepulturas,o celebrante com capa preta e o diácono a sua esquerda com o hissope.Percorrendo várias estações ou paragens- onde haverá preces e cânticos de responso- voltarão à igreja, aonde porão a cruz à cabeça do túmulo simbólico, ali feito com um pano de cruz de tela no chão ,cercado de círios; lançando-lhe o capelão por fim a benção.
                  
...Entretanto já o Pontifical dos Santos substituira o velho calendário lunar/agrícola: em Portugal,caso único na Europa,os próprios dias da semana dedicados às divindades astrais(dia de lunes,martes,etc),se convertera numa série ordenada de dias de féria liturgica romana(2ªfeira,3ª feira,etc)...

O próprio municipio de Lisboa establece em 1365 que dai em diante e"em este termo non se cantem Janeiras nem Maias nem a outro mês do ano"...As maias,eram ritos naturalistas,com flores no inicio do mês de Maio,suspendendo-se grinaldas nas ombreiras das portas-saudando a Primavera florida- como se praticava no tempo de frei Luis de Sousa na ermida da Senhora da Escada ao Rossio em Lisboa, justificando-se nessa altura tal ,como sendo comemoração de quando N.Senhora fugia para o Egipto e fora denunciada por uma flor aos seus perseguidores , vindo então um arcanjo a pôr flores em cada porta,confundindo o inimigo...

Mas todavia, as práticas ligadas às anteriores crenças mantêm-se na memória do povo : acredita-se nos encantamentos e agoiros, rogam-se pragas...os santos óleos e a hóstia usam-se para praticar sortilégios ( como no caso do milagre de Santarém, do sec XIII).

Acontece uma fusão de crenças e prácticas,uma assimilação e ritualização, de que a própria Igreja aproveita a forma tentando injectar novos conteúdos.

                   
Cem Soldos(concelho de Tomar) : A festa das Cruzes e seus simbolismos .

Na manhã de domingo de Pascoa, começam a chegar os jovens ao largo da igreja,com suas canas enfeitadas com cruzes de flores de giesta,artisticamente fabricadas.

Entram na igreja individualmente e no altar fazem canticos. O padre não intervem.

Depois saiem processionalmente: à frente uma fila de jovens com campainhas agitadas com frenesi e o cruciferário.Atrás multidão de cruzes floridas.Marcham em passo de corrida pelas ruas da povoação.Passada uma hora regressam ao largo e dirigindo-se aos degraus da igreja ali partem as cruzes contra a pedra,Morreu o cristo-Homem,viva o cristo-Deus.Ressureição.

Esta festa das cruzes tem tradições na região de Leiria,onde é costume espetar as cruzes ornamentadas de flores nos campos de cultivo contra os maleficios no agro.Também em Barcelos, no Minho,sincretica com o maio florido,se festeja a cruz.A 3 de Maio se faz a procissão da invençãõ(achamento) da S.tª Cruz e há desfile de romeiros com suas rusgas e tocatas. No chão constrioem-se tapetes de pétalas de flores naturais: ofertas do povo.Durante 3 dias cinco homens confecionam a escada da Paixão e o Coração de N.Sª das Dores.

Mas para além das cruzes enfeitadas comuns , há dois aspectos em Cem Soldos que interessa salientar,os quais estão ligados à temática dos enterros reais e liturgicos dos seculos XV e XVI .Assim uma vez mais em retorno,vejamos o caso dos tocadores de campana e a questão da quebra das cruzes.Primeiramente o relato do funeral do rei Carlos VI de França em Notre Dame(1422) segundo G.Duby :" Foi levado o corpo,como se leva o corpo de N.Senhor,na festa do Santo Salvador;por cima do despojo real um dossel de ouro levado por quatro ou seis parentes,30 servidores levam o corpo aos ombros,repousando no leito com o rosto descoberto; à frente as Ordens e os cânticos;havia duas filas à frente de pobres servidores,vestindo de preto,chorando mui alrto e levando tochas e 18 pregoeiros do corpoi; também 24 cruzes de religião,que precediam os tocadores de campainhas".

Aqui temos partindo da identificação que é feita entre o rei e o divino(comum á epoca)o espelho das procissões da Paixão: os confrades levando a imagem aos ombros,a presença dos prantos ou carpideiras,e no que diz respeito a Cem Soldos,a ultima linha é sucinta:os pregoeiros (aqui os que gritam:O Senhor ressuscitou-Aleluia!),as vinte e tal cruzes (aqui as dezenas de cruzes enfeitadas) e os tocadores de campainha(aqui também presentes).

Vejamos agora a questão das cruzes à luz do regimento português de 1502 acerca do levantamento dos reis.
                 
Quando o velho rei morria,um arauto gritava:Morreu o rei,viva o Rei!:Desciam-se as bandeiras e os sinos tangiam"como carpideiras de bronze aiando desesperos",,,adiante menestréis tocando trombetas.Vão da porta da Sé á porta da Alfandega,seguem ao Rossio e depois ao castelo de S.Jorge.No dia seguinte: Os procuradores dos mesteres e todos os outros atrás referidos, saiem do minicipio levando à frente um dos procuradores da cidade arrastando uma bandeira negra,Atrás o cortejo em duas filas vestindo luto e ao centro os juizes,segurando cada um,o seu escudo negro.Marcham até à Sé,anunciando a morte do rei.

Á porta da Sé, ouvia-se um estalido seco da madeira pintada de negro: assim se quebravam os escudos do rei! Regressando à liturgia e constatando que a cruz é o estandarte,simbolo,marca e escudo de Cristo,é evidente a analogia e o simbolismo da quebra das cruzes em Cem Soldos...Aqui se quebra o escudo do Cristo morto,e libertam-se as flores do Cristo Vivo,ou dito de outra forma: da morte nasce a vida, tal como afirma para os iniciados, a rosa nascendo da cruz , á entrada da Almedina, no castelo Templário de Tomar.

Ora Cem Soldos fica a 7 km de Tomar e era uma comenda templária. E torna-se assim bastante elucidativo quanto a uma explicação sobre a acusação filipina feita aos templários sobre os impropérios á cruz...afinal está aqui uma memoria/residuo arqueoritual visível de que tal não passava de um momento ritual na admissão/iniciação do monge templario, que se passava geralmente por alturas da Páscoa. Dúvidas?.. Vão ver com vossos próprios olhos ! É mais um momento/local a não perder na região de Tomar...